64

Desde os trágicos acontecimentos de Pedrogão Grande que o Governo tem andado a correr atrás do prejuízo. A última polémica prende-se com o número de vítimas e com os critérios que presidiram à elaboração da lista. Para o Governo e para as demais autoridades nacionais o número era 64 e caso encerrado. Só muito tardiamente e após investigação da imprensa e pressão da opinião pública é que António Costa admitiu não dar ainda o assunto por encerrado. Tudo começou quando o Expresso noticiou uma sexagésima quinta vítima, atropelada, mortalmente, por um automóvel quando fugia do fogo, automóvel esse que também procurava escapar ao incêndio. Como essa vítima não tinha morrido queimada ou asfixiada, não fazia parte das vítimas "oficiais" do incêndio de Pedrogão Grande. Como está haverá mais "vítimas indirectas" (terminologia oficial !!!). Pegando apenas na investigação do jornal i, haverá, pelo menos, mais nove pessoas não incluídas na contabilidade oficial, mas há quem fale em 80, 90 ou mesmo 100 vítimas. Eu até admito que ambas as partes tenham razão: de facto apenas morreram 64 pessoas. Todas as outras, aproveitando o caos do momento, resolveram escapar a penhoras do Fisco ou alistaram-se no Daesh.

PS-O desnorte é tão grande que, mesmo não havendo nenhuma lista secreta das vítimas, a lista está em "segredo de justiça". Em Portugal, o segredo de justiça serve para condenar pessoas na praça pública sem direito a contraditório ou para escapar ao escrutínio da comunicação social. Divulgada a lista, quase seguramente que a comunicação social acrescentaria mais uma série de nomes, vítimas em consequência do incêndio, mas, como não tinham morrido queimadas ou asfixiadas, fora da lista. Absolutamente anedótico... ainda que não tenha piada nenhuma!

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