segundofolego

Desde que a Administração Trump iniciou funções, os factos alternativos (leia-se, inverdades com vista a suportar uma determinada narrativa) tornaram-se moda nos Estados Unidos. Dito isto, a Academia, numa homenagem arrojada à nova administração norte-americana, decidiu, também ela, na cerimónia de entrega dos Óscares 2017, criar um facto alternativo, atribuindo a estatueta de melhor filme a "La La Land" , quando na realidade quem tinha ganho a votação tinha sido o filme "Moonlight" . Apesar do baque, a equipa do filme "La La Lande" , depois de alguns minutos a agradecer a distinção em palco, revelou um grande desportivismo, entregando a estatueta aos verdadeiros vencedores.

Depois de uma época de sonho, que culminou com a conquista do principal campeonato inglês de futebol, Claudio Ranieri acaba de ser despedido do Leicester. Já se antevia que a repetição da época passada seria uma miragem. O que os adeptos e a direcção do clube não esperariam, digo eu, era que o Leicester, esta época, estivesse a lutar pela permanência no primeiro escalão do futebol inglês. Como é habitual, sendo mais barato despedir um treinador do que uma equipa, Ranieri não resistiu aos maus resultados.

O Bloco de Esquerda não está no Governo, mas o seu dedinho faz-se sentir. Francisco Louçã, ex-coordenador do BE e ex-deputado pelo mesmo partido, depois de escolhido para o Conselho de Estado, foi agora indicado para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal. Bem sei, são orgãos meramente consultivos, mas, ainda assim, não estarão ao alcance de qualquer um. Excluindo os lugares por inerência de funções, todos os outros serão pessoas de reconhecida competência em matérias económico-financeiras e/ou empresariais, coisa que, no caso em apreço, dou de barato. PS-Tão crítico da (falta de) supervisão do Banco de Portugal, e com inteira razão, agora que Louçã está com um pé dentro, espera-se que faça alguma coisa em prol da melhoria da mesma.

Com o recente reembolso antecipado de 1.700 milhões de euros ao FMI, Portugal já liquidou metade do empréstimo àquela instituição. Se vivêssemos num mundo justo, a dívida estaria, desde já, totalmente saldada, tantos os erros do programa de ajustamento português no qual o FMI teve um papel relevante. Mas como não vivemos, o FMI, a seu tempo, fez "mea culpa" pelos erros cometidos (foi mais mostrar espanto por a realidade teimar em não acertar o passo com as previsões do que propriamente outra coisa), mas nada de consequências! O empréstimo concedido é para ser reembolsado até ao último cêntimo, acrescido de juros de usurário!

Cumprido um mês de Presidência de Trump, em termos de deve e haver, como estamos em termos de promessas eleitorais? Bem, há promessas já cumpridas (construção de um muro na fronteira sul, construção de dois oleadutos, rejeição do Acordo Trans-Pacífico ou a colocação de um juiz conservador no Supremo Tribunal), promessas que tenta cumprir (proibição de entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, anulação e substituição do ObamaCare ou deportação de milhares de imigrantes ilegais) e promessas (aparentemente) esquecidas (mandar prender Hillary Clinton ou rasgar o acordo com o Irão). Quanto ao resto, igual a si mesmo. Ainda há poucos dias, num discurso na Flórida, resolveu criar mais um facto alternativo: um atentado levado a cabo por refugiados muçulmanos na Suécia. Face ao espanto geral, incluindo as autoridades suecas, a Casa Branca veio explicar: a culpa da confusão do Presidente foi da Fox News!

Como a esquerda alegou que a troca de SMS entre Centeno e Domingues não cabia no âmbito da actual comissão parlamentar de inquérito (CPI) à CGD, a direita decidiu-se pela criação de uma nova para averiguar a troca de mensagens entre os dois. Pois bem, não vale perder tempo e desperdiçar, inutilmente, o dinheiro dos contribuintes. Como, segundo Marques Mendes, António Domingues estaria mortinho por revelar o SMS comprometedor, resolvemos "hackear" o smartphone dele e revelar o conteúdo da mensagem. Desta forma, Domingues tem a sua "vingançazinha" e a direita não precisa de se desgastar com uma nova CPI.

Durante anos, FMI, Comissão Europeia e o Governo PSD/CDS martelaram-nos a cabeça com a frase não há alternativa, a famosa TINA ( "There Is No Alternative" ). O actual Governo chegou ao poder defendendo precisamente o contrário. Um ano depois, quais os resultados? Apesar de todas as reversões e reposições, o défice orçamental vai fixar-se nos 2.1%, o valor mais baixo desde que vivemos em democracia. A economia está acrescer acima da média da União Europeia. Afinal havia outra! Desta vez não é só o país que está melhor. As pessoas também!

Antes do início dos oitavos de final da Liga dos Campeões, a UEFA decidiu repetir o desafio do ano passado e tentar prever quem é que vai conquistar a prova milionária em 2017. O método, que no ano passado resultou em cheio ao apostar no Real Madrid, baseia-se em tendências estatísticas dos resultados da fase de grupos e a previsão da UEFA apontou o Barcelona como a equipa que vai ganhar o troféu esta época. Pois bem, quem pareceu não estar pelos ajustes foi o Paris Saint-Germain que, na primeira mão dos oitavos de final, despachou o Barcelona com quatro secos. Ainda faltam 90 minutos para completar a eliminatória, mas não se adivinha tarefa nada fácil para o Barcelona conseguir cumprir a previsão da UEFA.

Saiu o primeiro volume das memórias de Cavaco Silva enquanto Presidente da República. Presume-se que venha a ser um êxito de vendas, pelo menos no que toca à classe política. Todos os políticos da nossa praça terão curiosidade em conhecer a imagem que deixaram gravada na memória do ex-Presidente da República. Em relação a José Sócrates, a imagem que Cavaco Silva deixa neste seu livro é arrasadora. Mas isso não é novidade para ninguém. Já se sabia que Sócrates seria o alvo deste primeiro volume. Como Sócrates não é homem para ficar calado, adivinha-se uma resposta mais ou menos à letra. Quanto a eventuais outros, o melhor é aguardarmos para ver se alguém enfia a carapuça.

Que a história ainda tinha pontas soltas, ninguém duvidava. Só assim se compreende o teor da nota publicada no site da Presidência da República na passada segunda-feira. Segundo a imprensa, o Presidente já terá lido os SMS trocados entre Mário Centeno e António Domingues e não gostou. Não só transparece que Centeno mentiu relativamente à intenção do Governo em isentar a administração da CGD da entrega das declarações de rendimento e de património no Tribunal Constitucional (haverá um SMS enviado por Centeno a Domingues em que aquele escreve que estava a tratar da resolução da questão de não entrega das declarações), como terá sido sugerido (num outro SMS) por alguém das Finanças que o assunto estava a correr bem porque o Primeiro-Ministro já teria abordado a questão com o Presidente da República (o Presidente da República estava ao corrente dessa exigência de António Domingues e não concordava com ela, tendo até alertado António Costa para o facto de a retirada da administração da C

Depois da enormíssima vitória que constituiu o sim de Bruxelas à recapitalização da CGD, Mário Centeno e o Governo envolveram-se numa teia de contradições quase sem escapatória. A escolha da nova administração da CGD, e as promessas que terão sido feitas a António Domingues, revelaram-se uma imensa embrulhada que fragilizou o Ministro das Finanças. PSD e CDS, quais cães de fila, à medida que a imprensa ia revelando novos pormenores da troca de correspondência entre António Domingues e as Finanças, agarraram-se "ao osso" e nunca mais o largaram. Ainda que o problema pareça sanado, Mário Centeno, provavelmente, não se livrará de novas investidas. A história continua com algumas pontas soltas e a admissão, por parte de Centeno, de alguma culpa em todo o processo ( "erro de percepção mútuo"  nas suas palavras) não terá encerrado o assunto. Para cúmulo, o Presidente da República aceitou a confiança depositada por António Costa em Mário Centeno por "estrito inter

O economista Vítor Bento dispensa apresentações. Li, há não muitos dias, um artigo de opinião dele, intitulado "Irá Trump salvar o euro?" , em que o autor discorre acerca da viabilidade da moeda única nas actuais circunstâncias (crescentes e sistemáticos excedentes comerciais da Alemanha). E a sua conclusão é muito simples: "Se a Alemanha não mudar as suas crenças económicas, e não perceber que elas só são compatíveis com a posse de uma moeda própria que possa revalorizar-se, o euro constituirá duradouramente um forte travão ao potencial de crescimento europeu e um factor de divergência económica. E aquele país continuará a ver aumentar o excedente externo com o resto do mundo, o que não poderá deixar de ser visto com preocupação pelos demais países" . Os Estados Unidos, pela boca de Peter Navarro, responsável pela política comercial norte-americana, já vieram manifestar reservas relativamente à exploração dos países da UE e dos EUA por parte da Alemanha via euro

Dos cinco maiores bancos que operam no mercado português, só a Caixa Geral de Depósitos se mantém nacional, com o seu capital controlado a 100% pelo Estado. O BCP é controlado pelos chineses da Fosun, o BPI pelos catalães do La Caixa, o Santander Totta pelos espanhóis do Santander. Quanto ao Novo Banco, aguarda quem o compre, mas uma coisa é certa: no futuro, não será capital nacional a mandar na instituição. Trinta e sete anos depois da abertura do sector bancário à iniciativa privada por decisão de um governo liderado por Mário Soares, foi ao que chegamos. Ainda há não muitos meses tanta preocupação por a banca portuguesa estar quase toda ela na mão dos espanhóis e agora... Se houver uma nova crise em que a banca se veja forçada a "fechar a torneira" (e, como as coisas estão, parece-me, será uma questão de tempo) não será nada tranquilizador estar a banca nacional na mão de estrangeiros. Em igualdade de circunstâncias, um banco português (agora espanhol) se não tiver

Já pensaste como vais, mais logo, "abrir o livro" e surpreender o teu (ou a tua) cara metade? Se ainda não, não desesperes. Quase sempre basta um pequeno gesto ou uma prenda simbólica. Mostra que não te esqueceste da data e que, para ti, o(a) outro(a) não é apenas a tua sombra.

De Marcelo Rebelo de Sousa esperava-se um Presidente da República cooperante e solidário com o Governo. O que muito poucos (ou nenhuns, mesmo) esperariam era que o Presidente da República, sempre que estoura uma "bronca" envolvendo membros do Governo, saia de imediato em socorro do mesmo. O (para já) último "colinho" foi para Mário Centeno, Ministro das Finanças.

A Grécia andava desaparecida dos radares desde 2015, ano do terceiro resgate. Agora que se aproxima a data de fazer reembolsos sem que tenha fundos suficientes, o problema é colocado, mais uma vez, em cima da mesa. Só que este ano é um ano especialmente delicado. Com eleições na França, Alemanha e Holanda, prespectiva-se um novo braço de ferro entre Atenas e os credores. O FMI, que não participou financeiramente no último resgate, veio, recentemente, afirmar (mais uma vez) num relatório que a Grécia não tem qualquer hipótese de crescer e ultrapassar o problema explosivo da dívida, mesmo que cumpra à risca o que lhe foi pedido. A Alemanha, por sua vez, já fez saber, pelo seu Ministro das Finanças, que o alívio da dívida grega está fora de questão e que se isso vier a acontecer a Grécia tem de abandonar o euro. Percebe-se o teor do discurso (feito, na minha opinião, para consumo interno) na medida em que, com eleições marcadas para Setembro, qualquer alívio da dívida grega poderá infl

Encontrar um bom amigo é difícil, dizer-lhe adeus ainda mais.

A fruta quando amadurece na árvore e não é colhida acaba por cair de madura. Na Venezuela, o tempo de Nicolas Maduro já passou há muito tempo. Aliás, ele já não está maduro, está podre, mas não há maneira de cair da cadeira do poder. A crise em que a Venezuela se encontra mergulhada é indescritível e arrasta-se sem fim à vista. Segundo dados revelados pelo Observatório Venezuelano de Violência, só no mês de Janeiro, foram assassinadas na Venezuela cerca de 2.500 pessoas. Não haverá forma de colocar Maduro na lista negra de Trump?

A bola do Mário é mágica. Adivinha o futuro. Pouco importa que todas as instituições avancem previsões mais ou menos coincidentes. Se não agradarem ao Mário, são previsões enviesadas por preconceitos ideológicos. Por cada número menos simpático avançado pelos outros, a bola de Mário contrapõe um outro mais de acordo com a narrativa oficial (do governo, evidentemente). PS-Entretanto, se dúvidas houvesse, provou-se agora que existia mesmo um compromisso entre Mário Centeno e António Domingues para desobrigar a administração da CGD da apresentação das declarações de rendimento e de património no Tribunal Constitucional. Mais, essa era a condição para ele e a sua equipa aceitarem os cargos. Dêem as cambalhotas que derem, as Finanças mentiram, ou, como agora está tão em voga, criaram um facto alternativo.

O desempenho de Marco Silva, como treinador do Hull City, está a ser excepcional. Quatro jogos em casa, quatro vitórias (Swansea (3-0), Bournemouth (3-1), Manchester United (2-1) e agora o Liverpool (2-0)), duas das quais equipas de topo da liga inglesa de futebol. Se dúvidas houvesse, desempenhos como os de Leonardo Jardim ou de Marco Silva são a prova de que os treinadores portugueses são tão bons como os estrangeiros.

Até que ponto é que os norte-americanos estarão dispostos a sacrificar a liberdade e a democracia? A avaliar pelos escassos dias de Presidência de Trump, os seus devaneios parecem só ter o céu como limite!

Com a derrota frente ao Porto, o Sporting deve ter perdido, definitivamente, qualquer hipótese de terminar num dos dois primeiros lugares do campeonato, o que significa ficar sem acesso directo à Liga dos Campeões, e aos 13 milhões de euros que a qualificação directa paga. Arredado da luta pelo título em todas as competições, o Sporting vai jogar a feijões até ao final da época, o que não será, de todo, muito motivante para a equipa leonina.O Sporting vai ter eleições no próximo mês. Legitimado o Presidente, seja ele quem for, o que o Sporting tem a fazer é preparar desde logo a nova época, ganhando um avanço precioso face aos seus rivais. Mas não pode ser como no início desta época, despedir meia equipa e contratar outros tantos de qualidade mais do que duvidosa.

Leonardo Jardim, o treinador que Pinto da Costa não quis no Porto e que Bruno de Carvalho empurrou pela porta fora ao querer dar passos maiores do que as pernas, está a fazer uma carreira de sucesso na Ligue 1 (principal campeonato francês de futebol), encantando tudo e todos. Não só reconquistou os adeptos do Mónaco com um futebol como já não viam há muitos anos (mesmo a ganhar folgadamente, continua a atacar, sendo, de longe, a equipa mais concretizadora com 65 golos), como, de acordo com a crítica especializada, a nível táctico, está a dar um autêntico baile a todos os outros treinadores em funções.

Portugal está a dar novos mundos ao mundo (outra vez), a tornar-se num caso sério de estudo das faculdades de Economia espalhadas por esse mundo fora. E a singularidade prende-se com a evolução da taxa de desemprego que, em Dezembro de 2016, se fixou nos 10.2%. Historiando, em Janeiro de 2013 a taxa de desemprego atingiu um pico de 17.5%. De então para cá tem vindo a descer sistematicamente até aos tais 10.2% de Dezembro do ano passado. Um decréscimo, tão rápido e tão acentuado, só poderia ser explicado por um forte crescimento da economia portuguesa. A relação entre crescimento económico e desemprego é explicada através da chamada Lei de Okun, nome de um economista norte-americano. Segundo esta lei, em média, por cada 1% de crescimento do PIB a taxa de desemprego desce 0.4%. Ora, não é preciso ser nenhum génio matemático, para perceber que o decréscimo verificado exigiria taxas de crescimento "astronomicamente" superiores às efectivamente verificadas. Daí o espanto do mu

No essencial, Passos Coelho teve razão quando em Julho aconselhou a sua bancada parlamentar a aproveitar bem as férias. O Diabo chegou mesmo. Não em Setembro, mas em Janeiro e não bateu à porta de Portugal... mas do mundo!

Depois de conhecido o nome de Benoît Hamon como candidato da esquerda às presidenciais francesas, uma sondagem dá como vencedora da primeira volta Marine Le Pen. A margem não é muita e numa hipotética segunda volta Marine perderia tanto para Macron como para Fillon. Contudo, é bom que os eleitores franceses não desarmem. Não faltam exemplos, um pouco por todo o lado, de erros clamorosos de sondagens, indicando, como derrotados, os candidatos que acabam por vencer as eleições.

Uma juíza federal norte-americana, Ann M. Donnelly, decidiu que os refugiados e outras pessoas afectadas pela nova medida de imigração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegaram aos aeroportos norte-americanos não podem ser deportados. A decisão vai no sentido de as autoridades norte-americanas não procederem a nenhuma deportação de cidadãos dos sete países de maioria muçulmana visados pelo decreto de Trump (Irão, Iraque, Iémen, Somália, Líbia, Síria, Sudão) que foram autorizados a entrar e chegaram aos Estados Unidos. Felizmente, Trump não terá carta branca para decidir como muito bem entender. A própria sociedade norte-americana está a organizar-se, enfrentando, com as armas de que dispõe, os devaneios do inquilino da Casa Branca. PS-Curiosamente (ou talvez não), desde 1975 que não há nos EUA atentados terroristas cometidos por cidadãos dos países visados pelo decreto de Trump. Os autores do 11 de Setembro vieram de outras nações, 15 dos quais da Arábia Saudita