segundofolego

A última coisa que tanto António Costa como os seus parceiros de coligação quererão é comprar uma guerra com o Presidente da República. Seria uma luta inglória. Por isso, após o duríssimo discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, não restou alternativa a António Costa senão engolir um sapo e pedir desculpa. Nada mais será como dantes. Ainda que Costa se manifeste optimista relativamente a isso, a relação entre os dois orgãos de soberania alterou-se definitivamente. A partir dos incêndios de Pedrogão Grande e os incêndios de Outubro, o Governo ficou sob escrutínio bem mais minucioso do Presidente da República.

O Parlamento catalão aprovou, unilateralmente, a independência e o Senado espanhol aprovou a aplicação do artigo 155 da Constituição. Rajoy reagiu, garantindo que "o Estado de Direito vai repor a legalidade" . Como? Irá o exército espanhol invadir a Catalunha? Não será preciso chegar a um tal extremo. Destituição do Governo regional, dissolução do Parlamento catalão e marcação de eleições antecipadas para 21 de Dezembro. Problema resolvido? Seguramente que não, principalmente se o resultado das eleições for semelhante ao das últimas.

Este ano, o Natal chegou bem cedo para os os Governos da zona euro. O BCE decidiu prolongar o programa de compra de dívida, pelo menos, até Setembro de 2018. Mesmo que tudo continue, basicamente, na mesma, a extensão da rede de segurança do BCE, para além do efeito descida das taxas de juro (que se verificou de imediato), vai permitir aos Governos mais um ano de "faz de conta" e com isso, provavelmente, ganhar as legislativas seguintes (no caso português, o calendário do BCE anda muito próximo do nosso calendário eleitoral). Costa e companhia agradece!

Tão certo como ao dia seguir-se a noite, a lua de mel entre a Presidência da República e o Governo um dia acabaria. Pois bem, parece que acabou. E o motivo parece estar relacionado com a tragédia dos incêndios que assolou Portugal. Reagindo à notícia que o Governo terá ficado "chocado e surpreendido" com as suas declarações após os incêndios de 15 de Outubro, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "chocado ficou o país" e que quem embarca no "diz que disse especulativo não entendeu, nem entende nada do que se passou em Portugal nas últimas semanas" . O recado está dado!

Se os britânicos pensavam que as negociações do Brexit iriam decorrer de forma (mais ou menos) pacífica, estavam redondamente enganados. A União Europeia não se mostra satisfeita com as "garantias" apresentadas pelo Governo do Reino Unido, ao ponto de as conversações continuarem praticamente na "estaca zero" . A Primeira-Ministro britânica, Theresa May, em desespero de causa, jantou com Jean-Claude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, pedindo ajuda para desbloquear as conversações. Se até aqui a política era considerada a arte do possível, no caso do Brexit mais parece ser a arte do impossível. Mas ninguém se iluda, um não acordo não é benéfico para a União Europeia, mas será muito mais gravoso para os britânicos.

Apesar de todas as boas notícias dos últimos tempos, Portugal regista a terceira maior dívida, em percentagem do PIB, da zona euro. Pior do que isso só o facto de, enquanto a dívida da zona euro estar a recuar no conjunto dos países, a de Portugal está a aumentar. Esta é mesmo a notícia que falta, que a trajectória da dívida começou a inflectir, promessa feita pelo Governo para começar a acontecer ainda em 2017.

À hora em que escrevo, a cerimónia em Londres ainda não aconteceu, mas Cristiano Ronaldo deverá ter conquistado, ontem, o prémio de melhor futebolista do ano da FIFA, igualando o penta de Lionel Messi. O prémio recompensa o desempenho dos atletas no período comprendido entre 20 de Novembro de 2016 e 2 de Julho de 2017. Neste período, Ronaldo ajudou o Real Madrid a conquistar a Liga espanhola, a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Para além de Ronaldo, são candidatos ao título Messi e Neymar que, no último defeso, trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain pela módica quantia de 222 milhões de euros, um recorde mundial. Se o critério for valor da transferência, Ronaldo não tem hipótese. Caso contrário, seja qual for o critério, o prémio já cá canta!

De acordo com uma sondagem publicada pelo semanário Expresso, os dois candidatos à liderança do PSD, Rui Rio e Santana Lopes, partem em pé de igualdade, recolhendo cada um deles um pouco mais de 40% das intenções de voto (a sondagem não se restringiu aos militantes do PSD, os únicos que poderão votar nas directas de Janeiro de 2018). Sendo um deles do norte e o outro do sul, será que se vai assistir, mais uma vez, dentro do partido, a uma guerra norte contra sul?

Os independentistas catalães perceberam (tarde) o que significa uma Catalunha independente. Mais de 500 empresas, com um entendimento bem mais claro do cenário, apressaram-se a deslocar as suas sedes para fora da Catalunha, o que deixou os independentistas perante dois cenários: (1) Recuar na proclamação da independência ou (2) Persistir teimosamente na declaração unilateral da independência e transformar a Catalunha de uma das regiões mais ricas de Espanha numa das regiões mais pobres da Europa. Daí a não clarificação da situação. Não querem "engolir" a independência, mas sabem que o povo catalão, agora consciente do que significa a independência, nunca aceitaria retroceder para a Idade Média.

Marcelo Rebelo de Sousa pode ser acusado de muitas coisas, mas nunca de não apoiar o Governo. Percebendo a delicadeza da situação em que o Governo se encontrava, o Presidente da República com a passada comunicação ao país (e, provavelmente, algumas palavras, duras e privadas, ao Primeiro-Ministro) resolveu a questão de uma penada. Constança Urbano, Ministra da Administração Interna, que ansiava pelo gozo de férias que não tinha tido, percebeu, finalmente, que não tinha condições políticas para continuar no Governo e apresentou a sua demissão. António Costa, Primeiro-Ministro, que só por teimosia (e para não dar mostras de recuo) mantinha a Ministra da Administração Interna em funções, aceitou a sua demissão sem precisar de assumir o erro que estava a cometer. Por último, mas não menos importante, considerando a moção de censura ao Governo do CDS-PP, o Presidente da República deu à "geringonça" todas as condições para votarem contra a moção de censura com a consciência tra

A dogs soul Every dog must have a soul Somewhere deep inside Where all his hurts and grievances Are buried with his pride. Where he decides the good and bad, The wrong way from the right, And where his judgement carefully Is hidden from our sight. A dog must have a secret place Where every thought abides, A sort of close acquaintance that He trusts in and confides. And when accused unjustly for Himself, He cannot speak, Rebuked, He finds within his soul The comfort he must seek. He'll love, tho'he is unloved, And he'll serve tho'badly used, And one kind word will wipe away The times when he's abused. Altho' his heart may break in two His love will still be whole, Because God gave to every dog An understanding Soul! (Autor desconhecido)

A palavra Inferno ganhou um novo sinónimo. E esse sinónimo é Portugal (2017). O que se está a passar no país é indescritível. O Governo terá sido imprudente em desactivar parte dos meios de combate aos incêndios agora que estamos em Outubro. Provavelmente! A persistência de tempo quente e da falta de chuva aconselhariam precisamente o seu contrário. O passado dia 15 de Outubro foi o pior dia de incêndios do ano, com 523 incêndios contabilizados. A demissão da Ministra resolveria o problema? Seguramente que não. Há é que tirar ilações no sentido de minimizar o problema em ocasiões futuras.

Fui extremamente crítico relativamente às opções de investigação de Rosário Teixeira no âmbito da Operação Marquês. Sempre achei que todas as inflexões da linha de investigação estavam a ser motivadas por becos sem saída e que o Ministério Público, em desespero de causa, estava a praticar "pesca de arrasto" na tentativa de desembocar em algo tangível. Estava enganado! Rosário Teixeira, e a sua equipa, nunca perderam o Norte  e sabiam, exactamente, aquilo que procuravam. A investigação arrastou-se demasiado no tempo? Provavelmente sim, mas, face ao despacho de acusação produzido, nem parece excessivamente longo. Na minha opinião (que vale o que vale), o mais impressionante do despacho de acusação, caso venha a ser provado em tribunal, é que todo o "esquema" foi montado antes de José Sócrates chegar ao poder. Tudo premeditado para que, assim que Sócrates chegasse ao poder, começasse logo a render dinheiro!

Por mais de uma vez defendi que o comportamento do Ministério Público para com José Sócrates (adiamentos sucessivos da acusação) era incompatível com o Estado de Direito que somos. Mais, sou um daqueles que chegou a pensar que não chegaria a haver acusação ou, havendo, seria baseada em provas meramente circunstanciais e que muito dificilmente seria provada em tribunal. Enganei-me! Aparentemente a acusação é sólida, bem investigada e não será facilmente anulada em tribunal. Face a isto, está na hora de José Sócrates mudar a sua narrativa ou remeter-se ao silêncio mesmo. Deixar de lado a tese da cabala e as teorias da conspiração, que já não aquecem nem arrefecem, e começar a preparar a sua defesa o melhor possível pois espera-o o julgamento do século.

É obra, despacho de acusação da Operação Marquês com 4000 páginas, é caso para dizer que, desta vez, a montanha não pariu um rato.  Ao todo foram constituídos 28 arguidos, 19 pessoas singulares, 9 empresas, num total de 188 crimes (só os quatro retratados no poster acima, são acusados de quase metade dos crimes, 90 no conjunto). Se a investigação durou o tempo que durou, com sucessivos adiamentos da formulação da acusação, o julgamento, que não se perspectiva iniciar tão cedo, vai arrastar-se por um tempo quase infinito. E vamos lá a ver quantos dos crimes que constam do despacho de acusação virão a ser provados em tribunal.

Politicamente falando, Pedro Santana Lopes já foi praticamente tudo: Secretário de Estado (com estatuto de Ministro), líder de partido, Primeiro-Ministro. Actualmente, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Santana Lopes mantinha intervenção política activa na qualidade de comentador. Portanto, o que faz correr Santana Lopes? Provavelmente a circunstância de haver uma única candidatura a líder do PSD, a de Rui Rio. A partir do momento em que Luís Montenegro e Paulo Rangel "saltaram fora" , a movimentação para uma alternativa potencialmente ganhadora a Rio começou. O próprio Santana referiu que, nunca como agora, recebeu tantos telefonemas e SMS's oriundos de militantes social-democratas.

Wolfgang Schäuble, o todo poderoso Ministro das Finanças da Alemanha, despediu-se do Eurogrupo, trocando a pasta das Finanças do Governo da Alemanha pela Presidência do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), naquela que é a primeira grande consequência das eleições na Alemanha. Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, a extrema-direita alemã elegeu deputados (terceira força política da Alemanha, elegendo 94 deputados). E para controlar a extrema-direita, nada melhor que o pulso de ferro de Schäuble. Adeus, adieu, goodbye, auf wiedersehen...

Feito, Portugal carimbou o passaporte para o próximo Campeonato do Mundo de Futebol que irá decorrer na Rússia no próximo Verão. É reconfortante constatar que ainda há engenheiros que cumprem a palavra!

Pedro Passos Coelho, honra lhe seja feita, sempre foi homem de uma palavra só. A partir do momento em que dizia uma coisa, era para cumprir, custasse o que custasse. Como ele tinha afirmado não se demitir por causa dos resultados das autárquicas, face ao mau resultado do PSD, não faltavam candidatos à sua sucessão, que não aconteceria antes de 2019. Com a sua decisão de não se recandidatar à liderança do PSD, Passos Coelho baralhou as "contas" dos seus eventuais sucessores, assistindo-se a uma debandada quase geral por "motivos pessoais" . Muito provavelmente, o próximo líder do PSD será um líder de transição que poderá (ou não) chegar a 2019 e pessoas como Luís Montenegro ou Paulo Rangel decidiram "poupar-se" para tempos mais propícios a uma eventual mudança do sentido de voto do eleitorado.

Se a vida já estava difícil para Ricardo Espírito Santo com o corte na sua pensão pelo Fundo de Pensões do Novo Banco, imagine-se como estará agora que o Tribunal de Instrução Criminal ordenou o arresto do que lhe restava da pensão. A menos que Ricardo Espírito Santo use o estratagema alegadamente utilizado por Sócrates: pedir ao motorista que lhe traga malas cheias de dinheiro de onde quer que ele esteja. Sim, porque o dinheiro não evapora e tem de estar em algum lado!

Dizem todos (Governo, Comissão Europeia, FMI, agências de rating ), o país está melhor, assim como melhorou a vida dos portugueses. Apesar disso, segundo o Banco de Portugal, mesmo considerando os pagamentos antecipados ao FMI, a dívida pública ultrapassou em Agosto o limiar psicológico dos 250 mil milhões de euros, o valor mais alto de sempre. Por outras palavras, quanto melhor... pior?!

Com mais de um ano de atraso, eis que se cumpriu, finalmente, a profecia de Pedro Passos Coelho: o Diabo chegou! Chegou, felizmente não para Portugal e para os portugueses em geral, mas sim para Passos Coelho e, já agora... Jerónimo de Sousa! Os comunistas ainda devem estar a tentar perceber como perderam a Câmara Municipal de Almada para Inês de Medeiros!!!

Por último, mas não menos importante, os vencedores. Claramente, o grande vencedor da noite foi o PS que obteve um resultado histórico, o seu melhor resultado de sempre em autárquicas. Para isso muito contribuiu a falta de acerto do PSD, por um lado, e por outro o bom desempenho que o Governo tem tido. A outra grande vencedora foi Assunção Cristas. Com o resultado alcançado, Assunção Cristas não só cimentou em definitivo a sua liderança, como remeteu Paulo Portas para a História do seu partido. Por outro lado, saindo claramente reforçado face a um PSD "em cacos" , o CDS passa a ser muito mais do que a tradicional muleta de apoio dos social-democratas numa eventual futura coligação. Por último, Rui Moreira que ganhou no Porto com maioria absoluta.

Começando pelos perdedores, o resultado do PSD foi pouco menos do que catastrófico. Nomes mal escolhidos, campanha mal dirigida, tudo se conjugou para uma derrocada quase generalizada. Mesmo assim, Passos Coelho insiste na nota "não me demito" . Claramente, Pedro Passos Coelho deixou de ter condições para continuar líder do PSD. Se não sair pelo seu pé, não faltará quem o atire pela porta fora. Chegou a hora da contagem de espingardas dentro do partido. Igualmente perdedor, o PCP viu o seu peso autárquico claramente aligeirado. Sendo um dos partidos que sustenta a solução governativa, vamos lá ver se isso não se traduzirá em "grãos de areia" na "geringonça" . Assim como o PS beneficiou claramente do desempenho governativo, o PCP pode sentir-se tentado a endurecer o seu nível de reivindicações para tentar contrariar o seu lento esvaziamento eleitoral. PS-Passos Coelho não se demite. mas também não se recandidata a líder do PSD. Percebeu, finalmente, q

A extinção de dinossauros ocorrida em Portugal no passado domingo não foi tão massiva como a ocorrida há cerca de 65 milhões de anos, mas pode-se afirmar, com razoável acuidade, que ainda assim foi impressionante. Dos cerca de 30 dinossauros (candidatos), apenas três conseguiram os seus intentos: Isaltino Morais (Oeiras), José Maltez (Golegã) e Luís Pita Ameixa (Ferreira do Alentejo).

Quantos mais inocentes terão de morrer para os Estados Unidos enveredarem por um controlo rigoroso da posse de armas? A Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos assegura o direito a qualquer adulto sem cadastro comprar o número de armas que muito bem entender, com excepção do armamento automático que sofreu algumas restrições em Maio de 1986. E os americanos têm feito bom uso desse direito. De acordo com uma sondagem realizada em 2015, 7.7 milhões de americanos possuem entre 10 e 140 pistolas, espingardas ou revólveres, subindo o número dos que apenas possuem uma ou duas armas para 55 milhões.

Quanto mais assobiado for Marcelo Rebelo de Sousa por angolanos (como aconteceu na recente tomada de posse do novo Presidente de Angola), melhor! É sinal que Portugal não é a "máquina de lavar dinheiro" que a oligarquia angolana gostava que fosse. A tomada de posse de João Lourenço representa uma janela de oportunidade para a melhoria das condições de vida do povo angolano. Até aqui, apenas uma "meia dúzia" de incondicionais ou familiares de José Eduardo dos Santos (ex-Presidente incluído) é que puderam desfrutar da riqueza do país. O povo, esse, vive na mais completa miséria.

A lei é bem conhecida e aplica-se a todas as situações: se alguma coisa pode correr mal, correrá mal de certeza. Vem isto a propósito do referendo da Catalunha. Como se percebeu desde o início, há macacos com inteligência superior a Mariano Rajoy. Se Rajoy fosse (mais) inteligente, deixava que o referendo (ilegal não só face à Constituição espanhola, como também ao Estatuto Autonómico da Catalunha) se realizasse e acordava no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Ao optar pela via do confronto, não só transformou os líderes independentistas em mártires e heróis, atirando para a sua esfera muita gente que nunca antes tinha pensado numa Catalunha independente, como ficará com centenas de feridos (resultantes dos confrontos com a polícia) a pesar-lhe na consciência... se é que a tem!

(1) Tem o povo catalão direito à autodeterminação nos termos reconhecidos pelas Nações Unidas? Não! Esse direito apenas é reconhecido em circunstâncias muito especiais: territórios coloniais, territórios ocupados na sequência de uma invasão ou territórios onde impere a discriminação e não exista liberdade ou respeito pelos direitos humanos. Obviamente, o caso da Catalunha não encaixa em nenhuma das situações (a Catalunha integrou o reino de Espanha no século XV com o casamento das coroas dos reinos de Castela e de Aragão). (2) Deverá o povo catalão caminhar no sentido da independência? Provavelmente, também não. Eu pelo menos, se fosse catalão, votaria não. Uma Catalunha independente fica fora da União Europeia e tem de fazer tudo desde criar uma moeda própria até estabelecer acordos comerciais com as outras nações (neste momento, o principal mercado para os produtos catalães deverá ser, julgo eu, a própria Espanha, a qual, em caso de independência, deixaria de comprar). Enfim, um i